quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

FILOSOFIA E MÚSICA


A FILOSOFIA NA POÉTICA DE AUGUSTO DOS ANJOS 

quinta-feira, 25 de outubro de 2018






RESUMOS DE OBRAS LITERÁRIAS PARA O ENEM

Francisco Júnior Damasceno Paiva
Professor de Filosofia do Estado da Paraíba


SUMÁRIO:

1. AUTO DA BARCA DO INFERNO (1518), DE GIL VICENTE (1466-1536).

2. MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS (1862), DE MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA (1831-1861).

3.  IRACEMA (1865), DE JOSÉ DE ALENCAR (1829-1877).

4. MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS (1881), DE MACHADO DE ASSIS (1839-1908).

5. O CORTIÇO (1890), DE ALUÍSIO AZEVEDO (1857-1913).

6. DOM CASMURRO (1899), DE MACHADO DE ASSIS (1839-1908).

7. A CIDADE E AS SERRAS (1901), DE EÇA DE QUEIROZ (1845-1900).

8. MACUNAÍMA – O HERÓI SEM NENHUM CARÁTER (1928), DE MÁRIO DE ANDRADE (1893-1945).

9. CAPITÃES DA AREIA (1937), DE JORGE AMADO (1912-2001).

10. VIDAS SECAS (1938), DE GRACILIANO RAMOS (1892-1953).



1. AUTO DA BARCA DO INFERNO DE GIL VICENTE

           Gil Vicente é um dos principais autores do teatro medieval português, responsável pelos “Autos D’El-Rei”. Escreveu diversas peças em que ironiza a sociedade portuguesa do século XVI, entre elas o “Auto da Barca do Inferno”, onde seus personagens já mortos são conduzidos a um lugar onde encontram-se duas barcas, uma conduzida por um anjo e outra pelo diabo, que os levaram para o inferno ou para o paraíso, após o julgamento. A peça é justamente este momento do julgamento, onde Gil Vicente, através da crítica e da ironia, expõe seus pensamentos sobre a política, os costumes e a sociedade portuguesa do século XVI.



2. MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS DE MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA

            Único romance de Manuel Antônio de Almeida, publicado um ano após a morte do escritor (morto no naufrágio do navio “Hermes”, quando ia fazer a reportagem da inauguração do canal que liga Macaé a Campos no Rio de Janeiro), é considerado hoje uma obra-prima, apesar de na época de sua publicação não ter merecido nenhum destaque.
            “Memórias de um Sargento de Milícias” conta as aventuras e peripécias do seu protagonista Leonardo, uma espécie de “Pedro Malasartes”, um Anti-herói, um “Macunaíma”, como no romance homônimo de Mário de Andrade. Por isso, alguns o considera um romance picaresco (pícaro é um anti-herói medieval).
 Na verdade o Leonardo filho é o malandro carioca, uma representação do jeitinho brasileiro. Portanto, o romance é tido também como um romance representativo. Alguns o entende como um romance histórico, documentário, por mostrar o Brasil do tempo do rei. “Era no tempo do rei”: início do século XIX (1808), chegada de Dom João ao Rio de Janeiro. Por último, é um romance de costumes, bem ao gosto do romantismo brasileiro, embora inovador ao retratar o povo, a periferia, aqueles que se encontravam à margem da sociedade, e não os salões da burguesia ou da aristocracia do segundo reinado.


3. IRACEMA DE JOSÉ DE ALENCAR

            Iracema, romance da fase Indianista (primeira geração do romantismo brasileiro), foi escrito por José de Alencar, um dos principais escritores do nosso romantismo. Autor de vários romances, entre romances indianistas e romances urbanos, José de Alencar pretendia dar uma identidade nacional ao nosso país. Dessa forma irá escrever sobre quase todas as regiões do Brasil, o que o colocaria como um escritor pré-regionalista, mas também sofreria por isso a crítica de ser um autor superficial. Seus romances são teses para a fundação de uma nação. Em Iracema (1865), anagrama de américa, José de Alencar narra a paixão da índia Iracema pelo português Martim. Apesar das cores nacionais, no entanto, José de Alencar retrata os índios com características europeias e tenta amenizar (ou romantizar) os conflitos entre índios e brancos, como acontece também em “O Guarani”, outro romance do escritor cearense, onde o índio Peri aparece como um cavaleiro medieval.


4. MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS DE MACHADO DE ASSIS

            Juntamente com “O Cortiço” de Aluísio Azevedo, “Memórias póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis, é considerado o primeiro romance realista da literatura brasileira. Enquanto este é um romance mais psicológico, com forte crítica social, veremos que “O Cortiço” possui um caráter mais sociológico, com influências naturalistas.
            “Memórias Póstumas de Brás Cubas” é uma obra-prima de Machado de Assis e faz parte de uma trilogia, já que seus personagens aparecem também em “Dom Casmurro” e, principalmente, na continuação dessas memórias, no livro “Quincas Borba”.
            O protagonista, Brás Cubas, é o narrador do romance, que já morreu e decide escrever suas memórias, portanto, ele é um “defunto autor” e não um “autor defunto”, no sentido de alguém que tem suas obras publicadas postumamente. É também um romance filosófico. Nele aparece o “humanitismo”, filosofia desenvolvida por Quincas Borba, amigo de Brás Cubas; um mendigo, que torna-se milionário e depois é enganado e perde tudo, voltando à miséria, e aí elabora sua filosofia, que ele resume na frase: “Ao vencedor, as batatas”. Brás Cubas, por sua vez, é um niilista, no sentido que sua narrativa é das negativas, não consegue efetivar nenhum dos seus projetos: o casamento, o emplasto, o cargo de ministro, um filho. “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.


5. O CORTIÇO DE ALUÍSIO DE AZEVEDO

            Como vimos acima, “O Cortiço”, junto com “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, é o primeiro romance do realismo brasileiro. Faz parte do naturalismo, tendência vinda da Europa, fortemente influenciada pelas ciências sociais e pelas ciências da natureza (século XIX).
            “O Cortiço” (1890), conta a vida do proletariado do final do século XIX, no Rio de Janeiro, que acabara de sair do regime escravocrata e do império. Aos mais pobres não restava muita coisa, a não ser as péssimas condições de vida, de moradia e do subemprego.
            O romance conta a vida desses trabalhadores que são explorados e roubados pelo dono do cortiço, João Romão, que enriquece as custas dos moradores e até toca fogo na estalagem para ficar com o dinheiro do seguro. É uma das primeiras críticas sociais da nossa literatura, que veremos mais tarde em “São Bernardo” de Graciliano Ramos, já no modernismo. O romance trata também do racismo; apesar deste ser tema central de um outro romance de Aluísio Azevedo, “O Mulato”; além de enfocar a homossexualidade, tanto masculina como feminina, o que é uma abordagem inovadora para época.


6. DOM CASMURRO DE MACHADO DE ASSIS

            Obra máxima da literatura brasileira, “Dom Casmurro” (1899), é um romance da fase realista de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), considerado o maior escritor brasileiro e um dos mais importantes da língua portuguesa, que foi fundador e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras – ABL. Machado de Assis era um mulato, de origem humilde, nascido no Rio de Janeiro (1839), viveu na segunda metade do século XIX e faleceu também na cidade do Rio de Janeiro em 1908. Foi um dos mais completos escritores de sua época, escreveu praticamente em todos os gêneros literários: poesia, romance, conto, crônica, teatro, jornalismo, crítica literária, textos autobiográficos e memórias.
            “Dom Casmurro” é a história do casal mais famoso da nossa literatura: Capitu e Bentinho. Narrado em primeira pessoa pelo protagonista Bento Santiago, que na velhice resolve escrever suas memórias, na tentativa de atar as duas pontas de sua vida, a infância/adolescência à velhice; na busca também de compreender os acontecimentos e encontrar um sentido para sua existência. Nessa retrospectiva, o leitor vai acompanhar, junto com o protagonista, o romance de Bentinho e Capitu, desde a infância, quando eles se conhecem, passando pelo seminário, as amizades, o casamento, os ciúmes, as brigas, o primeiro filho, a suposta traição, a separação e a solidão no final do romance. “Dom Casmurro” é um romance carregado de ironia e crítica social, mas que na maioria das vezes nós leitores ficamos presos ao enigma traçado pela genialidade de Machado de Assis. Afinal, houve ou não adultério por parte de Capitu? Nunca saberemos de fato: “Vamos à história dos subúrbios”.


7. A CIDADE E AS SERRAS DE EÇA DE QUEIROZ

            “A Cidade e as Serras” (1901) é um romance de Eça de Queiroz (1845-1900), um dos mais importantes escritores do realismo português. O romance foi publicado um ano após a morte de Eça de Queiroz, e é uma sátira ao culto da tecnologia. Considerado um texto menos cáustico e menos ácido em relação à sociedade burguesa do seu tempo. No entanto, segue sendo divertido, irônico, original e satírico, bem ao estilo do seu autor. O romance opõe os personagens Jacinto de Tormes, português residente em Paris, homem inteiramente em dia com todos os avanços tecnológicos; ao personagem Zé Fernandes, um crítico das grandes cidades, do progresso e denunciador de seus malefícios. Eça de Queiroz escreveu também: “O Crime do Padre Amaro” (1875), “O Primo Basílio” (1878), “Os Mais” (1888), “A Ilustre casa de Ramirés” (1900) e “A Relíquia”.  


8. MACUNAÍMA DE MÁRIO DE ANDRADE

            “Macunaíma – O herói sem nenhum caráter” (1928) é um romance de Mário de Andrade (1893-1945), considerado o papa do modernismo brasileiro. Romance de difícil classificação, pode ser considerado uma rapsódia – compilação de temas e histórias do folclore popular, mas elaboradas por um autor erudito. Mário de Andrade era pesquisador, escritor, poeta e folclorista. Percorreu todo o território nacional coletando lendas e histórias do folclore brasileiro e criou uma obra-prima, única e representativa da nossa cultura. Macunaíma, protagonista que dá título ao livro, é ao mesmo tempo índio, negro e branco. Mas não é propriamente um herói, é na verdade um anti-herói, um malandro, um esperto e um preguiçoso: um herói sem nenhum caráter. Bem ao estilo do modernismo e do movimento antropofágico, que tentava encontrar ou criar uma identidade nacional: o “herói de nossa gente”.
            Considerado também por alguns como um romance pornográfico, na verdade, Mário de Andrade reúne lendas e histórias de índios, negros e brancos, num texto que pretende explicar o Brasil. Macunaíma nasce no meio da floresta amazônica e irá percorrer todo o Brasil, chegando a São Paulo em busca de um amuleto, o muiraquitã. É famosa a sua “carta pras icamiabas”, uma espécie de manifesto e a frase “pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são”.


9.  CAPITÃES DA AREIA DE JORGE AMADO  

            Romance da primeira fase do escritor Jorge Amado, romancista da geração de 30 (regionalismo), “Capitães da Areia” é um livro que conta a vida dos meninos de rua de Salvador – BA, nas primeiras décadas do século XX. Compõe a fase proletária e urbana de do escritor baiano, que foi filiado ao partido comunista e, por isso, foi perseguido e preso pelo Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945).
            O romance narra as aventuras de Pedro Bala e seus amigos pelo Cais do porto e pelas ruas de Salvador. De forma poética e romantizada Jorge Amado cria uma obra que é, ao mesmo tempo, panfletária e de denúncia das nossas mazelas sociais: “porque a revolução é uma pátria e uma família”.
            A partir do romance “Gabriela, Cravo e Canela”, Jorge Amado irá passar para o romance de costumes, diminuindo assim a sua crítica social e o seu envolvimento político. “Capitães da Areia”, assim como quase todos os romances de Jorge Amado, foi adaptado para o cinema e a televisão.


10. VIDAS SECAS DE GRACILIANO RAMOS

            Vidas Secas” (1938) é um dos mais importantes romances de Graciliano Ramos, escritor da segunda geração do modernismo brasileiro. O romance narra a vida de uma família de nordestinos tangidos pela seca. Fabiano, Sinha Vitória, os meninos e a cachorra Baleia, são constantemente obrigados a saírem em busca de emprego e de sobrevivência. O livro começa com um capítulo intitulado “mudança” e termina com o capitulo “fuga”. Aparece também o soldado amarelo, uma crítica de Graciliano Ramos a ditadura do Estado Novo de Vargas. Graciliano era filiado ao partido comunista e também foi perseguido e preso pela ditadura de Vargas. Os capítulos de “Vidas Secas” são considerados quadros independentes, como se cada um deles pudessem ser tomados isoladamente.
            É interessante notar que no romance os meninos não têm nomes, mas a cachorra da família tem um nome. Graciliano chama a atenção para a desumanização, que é resultado não só da seca, mas da política, das injustiças sociais e da violência. Fabiano é enganado e roubado porque não sabe fazer contas e nem lida bem com as palavras. No final do romance, Graciliano Ramos “profetiza”: “e o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos como Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos”.
           
             

           

           
           
           




             Imagem: Dom Quixote e Sancho Pança de Cândido Portinari  
             fonte: Internet 

domingo, 29 de julho de 2018



Ensinando a filosofia com arte: Música & filosofia



Música & filosofia




domingo, 22 de julho de 2018




I CONGRESSO NACIONAL

DE ESTUDOS LISPECTORIANOS - ANAIS PUBLICADOS (TEXTOS COMPLETOS).





domingo, 1 de julho de 2018

SEIS POEMAS DE JUNIOR DAMASCENO - CORREIO DAS ARTES - JUNHO/2018.